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janeiro 22, 2005

La Motta de Scorcese: o bom homem mau

Touro Indomável é um filme que pode ser considerado como uma síntese da obra do diretor Martin Scorcese. Alguns dos mais caros elementos de sua filmografia aí se encontram: personagens de personalidades complexas, violência, realismo, precisão técnica... Fugindo dos maniqueísmos fáceis, das inspiradoras histórias de vida de "homens que se fizeram por si mesmos" e de todas aquelas lições morais e éticas típicas desses tipos de filmes, Scorcese procura traçar um caminho diferente.

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A trajetória de Jake La Motta é mostrada sem aquela manjada figura do herói ou do bandido quase que monolítico em seus sentimentos e emoções, ou seja, com ou completamente sem aquelas virtudes "bíblicas", princípios absolutos próximos da divindade. O La Motta do filme é bem mais complexo do que isso. Sua vida é tão complicada quanto... a de uma pessoa qualquer. Isso mesmo, o que faz o filme ser extraordinário é justamente a desglamourização do seu "herói". Todos os atos, sentimentos e decisões de Jake são dúbios ou falhos, não são nem bons nem maus absolutos. Assim, mesmo em se tratando de uma figura lendária no meio do boxe, campeão mundial, coberto com as glórias e derrotas que tal posição proporciona, em nenhum momento do filme é passada a impressão de que ele seja alguém à margem do seu meio social, uma figura em separado dos seus pares, apartada das atitudes puramente humanas. Nem é o herói campeão que venceu por seus próprios méritos e com a exemplar virtude que determina de antemão os seus atos e nem o bandido de temperamento difícil que espancava a mulher. São os seus erros (mostrados detalhadamente no filme), aliás, que o tipificam como um homem pleno, ou seja, com todas as suas dúvidas e incertezas, erros e acertos.

Posted by Sandino at janeiro 22, 2005 11:00 AM

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