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janeiro 23, 2005

Picolândia – a cidade (capítulo II)

A próxima da lista
Por Rodrigo Alves de Carvalho*

Após a posse do novo comendador de Picolândia e do vexame no discurso cheio de gafes do presidente norte-americano, George Busho, a calma toma conta da cidade. Contudo, o presidente Yankee remói dentro de si um ódio incomensurável por ter sido abruptamente interrompido em seu discurso egocêntrico, prepotente e patriótico chinfrim.Voltando aos Estados Unidos e ao passar em Nova Iorque para comprar umas cuecas novas, o presidente Busho vai visitar o lugar onde ficava o Word Trade Center (in memória). Sente novamente aquele calorzinho dentro de suas entranhas e uma vontade consumidora de atacar e destruir outros povos aflora de sua cabecinha de melão.
Em Washington, Busho convoca a cúpula americana para tratar estratégias para uma nova invasão.Pergunta para o secretário da guerra qual era a pauta de invasões e se decepciona com a resposta:
- Bem! Depois do Afeganistão e do Iraque, em nossa lista, agora vamos invadir e tomar o Irã. Mas também podemos invadir a Coréia ou a Colômbia. O senhor que sabe!

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Suposto forró universitário em Picolândia: enquanto a guerra não vem.

Busho pensativo batia o dedo na testa, sem saber qual país seria o alvo de seus mísseis e de seus soldadinhos heróis:
- O que mais temos na lista? – pergunta Busho coçando o saco.
- Paises subdesenvolvidos estão todos na lista. Além é claro, da China que estamos invadindo aos poucos, mas com outras estratégias.
George Busho franze a sobrancelha e pede para o secretário da guerra:
- Coloque aí em primeiro lugar na lista uma cidadezinha chamada Picolândia.
Ao saber da invasão norte-americana, a população picolandense fica atônita. O novo comendador convoca seus bravos soldados (5 no total) e mais os aposentados, convoca a guarda municipal munidos de seus bloquinhos de multa e também todo tipo de guarda (guarda livros, guarda-chaves e guarda-chuvas).
Os bravos soldados se colocam em pontos estratégicos da cidade: perto da igreja, perto do monumento a Che Guevara (que todo mundo em Picolândia pensa que é Raul Seixas) e perto do clube da cidade onde haveria forró universitário.
Em telégrafo enviado ao presidente Lulalá, o novo comendador pede ajuda:
- Senhor presidente vamos ser invadidos pelos americanos! Nos acuda!
E o presidente Lulalá responde de sua nova namorada, quero dizer, morada. O avião presidencial:
- É com muito prazer que vou ajudar. Espere só enfim acabarmos de implantar o Fome Zero que Picolândia será o próximo de nossas prioridades federais.
Sem tempo para esperar tanto, o novo comendador faz o que pode. Cada cidadão picolandense está munido de estilingue e mamonas e até a molecada procura por pedaços de cano para se armarem com canudos de papel.
Os soldados Yankees começam a chegar por mar e por terra. Aterrissam nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos onde são fotografados e preenchem formulários sobre o motivo da visita e respondem: invadir e conquistar Picolândia.
No porto de Santos, os soldados passam pela alfândega, mas só serão liberados depois de 5 dias pela burocracia do país.
Enquanto os soldados não chegam, a população picolandense aguarda ansiosa pela guerra que só iremos acompanhar nos próximos capítulos.
E agora preciso parar de escrever porque toda vez que fico ansioso preciso ir ao banheiro.
* Escritor e supostamente suplente edil em Picolãndia.

Posted by Sandino at janeiro 23, 2005 08:59 PM

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