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fevereiro 10, 2005

Picolândia – a cidade (capítulo IV)

Guerra! Discussão na Câmara
Por Rodrigo Alves de Carvalho

As tropas norte-americanas aguardavam as ordens de George Busho para enfim bombardearem a cidade e matar o máximo possível de crianças e inocentes. Com a situação caótica, é convocada uma reunião extra-ordinária na Câmara Municipal de Picolândia.

soldado12.jpg
Soldado ianque se aproxima de Picolândia!

Com a palavra o presidente da Câmara, vereador Ulisses Sênior.
- Digníssimos colegas vereadores. Estamos reunidos nesta sessão extra-ordinária para debatermos a questão da guerra em nossa cidade.
Vereador Pancadinha – Pela ordem senhor presidente; quero saber se vamos ganhar um extra por essa sessão extra?
Ulisses Sênior – É claro! E vai ser em dobro por se tratar de um assunto explosivo.
Vereador Matusalém – Aproveitando o ensejo, quero colocar em pauta outro assunto de suma importância para o município, que é a questão das vacas que estão entrando no cemitério.
Vereador Luvanor – Essa questão pode esperar. Pois a guerra é mais importante!
Vereador Pancadinha – Estou com o vereador Matusalém. E mais, tenho uma pergunta para fazer a todos os vereadores: Dia desses uma vaca estava no cemitério e sem mais nem menos saiu correndo, o que “ela tinha”?
Vereador Cajadinho – Ah! Deve ter sido uma varejeira que picou a vaca.
Vereador Pancadinha (rindo) – Não imbecil! “Latinha” é uma lata pequena!
Todos no plenário riem da piada do vereador.
Vereador Luvanor – Pela ordem! Pela ordem! E a guerra? O que vamos fazer para evitar o conflito?
Vereador Ulisses Sênior – Proponho fazermos o que sempre fazemos nessas questões complicadas que requerem soluções inteligentes.
Vereador Luvanor – Vamos sentar e negociar a paz?
Vereador Ulisses Sênior – Não! Vamos oferecer propina para os comandantes das tropas americanas.
Vereador Pancadinha – Bravo! Não tem nada melhor que propina para resolvermos qualquer assunto. E aproveitamos para receber por fora também.
Vereador Cajadinho – Quero 20%.
Vereador Luvanor – Que pouca vergonha! Somos vereadores eleitos pelo povo. Precisamos mostrar serviço, ética e dignidade!
Vereador Pancadinha – Digníssimo vereador Luvanor, parece que o senhor vai dar trabalho pra gente. Esqueceu que somos vereadores e temos que manter nossa imagem de políticos submissos aos mais fortes e totalmente corruptos?
Vereador Ulisses Sênior – Digníssimos! Digníssimos! Essa conversa não vai levar a lugar algum. Temos que centralizar nossas mentes para coisas importantes para nossa querida Picolândia!
Vereadora Maria da Pinta – Pela primeira vez concordo com o presidente da Câmara. Vamos parar de balela e falar sobre a eminência da guerra que se torna cada vez mais preocupante para o município.
Vereador Ulisses Sênior – A senhora quase entendeu o que eu queria dizer. Pra falar a verdade proponho um recesso na Câmara para tomarmos uma cerveja no bar do Totonho e comermos um torresminho com limão.
Vereador Pancadinha – E depois preciso ir até o Bordel da Sheila Coxa Grossa, porque minha mulatinha prometeu não dar para ninguém nessa noite de carnaval. Só pra mim.
Vereador Ulisses Sênior – Declaro recesso no Plenário até o vereador Pancadinha comer a mulatinha dele.

Posted by Sandino at fevereiro 10, 2005 10:15 PM

Comments

Caro escritor, acho que o senhor bebeu todas nesse carnaval. Onde já se viu falar que o digníssimo vereador foi dar um trato na mulatinha.

Posted by: Ve at fevereiro 11, 2005 11:30 AM

Digão, pare de enrolar e comece logo a guerra!

Posted by: Sandino at fevereiro 11, 2005 11:54 AM

Podia colocar mais bombas...

Posted by: Zulu Track Track Traquinagem at fevereiro 15, 2005 04:39 PM

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