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junho 21, 2005

Inveja do Brasil
por Marilene Felinto

Os grandes invejosos: a imprensa brasileira golpista, a Argentina e o PSDB das baratas tontas. Não porque o país esteja às mil maravilhas, mas apenas porque vem se dando muito bem (como nunca se deu) em alguns setores específicos.
A imprensa golpista, a serviço dos interesses da classe dominante, e por não ter ainda conseguido derrubar um governo como o do PT de Lula, inventa crises todos os dias e a cada movimento do governo.
Uma das últimas da central de fabricação de mentiras da imprensa golpista (encabeçada pelo jornal Folha de S. Paulo e macaqueada pela TV Bandeirantes e outros órgãos de mídia jornalística de péssima qualidade) foi uma suposta “briga” entre o presidente Lula e o argentino Néstor Kirchner, por ocasião da cúpula dos países árabes e sul-americanos que ocorreu em Brasília, em maio último. Apontavam-se, entre os motivos, “a política de independência do Brasil”, que preferiria “relações mais estreitas com o eixo Sul-Sul”, ou o “papel central que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer exercer na região”, ou a “falta de apoio do Brasil à Argentina junto ao FMI”.
A imprensa golpista não somente fez de tudo para subestimar a importância do encontro de cúpula entre árabes e sul-americanos como tentou tirar o foco de evento tão importante e inédito na história do Brasil. Tentou reduzir o encontro a uma falsa crise entre Lula e Kirchner. Logo após a cúpula, o próprio Kirchner desmentiu a especulação. Em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, no final de maio, ele disse que “com o presidente do Brasil” tem “uma excelente relação e muito mais concordâncias do que se acredita. O que acontece é que sempre a disputa comercial entre os países encobre tudo”.
Então, o ponto é este: a Argentina se ressente com o sucesso da economia e da política externa brasileiras. Mas é claro que a imprensa golpista não diz isso - porque teria de admitir que o governo Lula está transformando o Brasil numa potência comercial; porque teria de admitir que o governo que eles (imprensa golpista, a serviço dos interesses da classe dominante e da oligarquia do PSDB) pensavam derrubar em seis meses não se revelou o que eles professavam. Muito pelo contrário.
Elementos da potência brasileira: o quinto maior país do planeta em superfície, que pode se tornar, dentro de dez anos, o principal produtor agrícola mundial. “As realizações (do Brasil) no campo da agricultura são desde já impressionantes: primeiro produtor e exportador mundial de açúcar, de café, de suco de laranja, primeiro exportador mundial de tabaco, de carne bovina e de frango, e segundo exportador de soja”, afirmava o impressionado jornal francês Le Monde, em 24 de maio último. E acrescentava: “No total, ele (o Brasil) sobe para o terceiro degrau do pódio, atrás dos Estados Unidos e da União Européia”.
A Argentina, um país meio metido a europeu, hoje desprestigiado e sem credibilidade no mundo, com sua economia no fundo do poço, tem inveja de que a verdadeira potência da América do Sul seja o Brasil. Essa rivalidade é antiga, mas nem por isso estabelece atualmente uma “crise” entre os dois países. As relações comerciais no Mercosul estão em franca expansão.
Se houve (ou deveria ter havido) um “conflito” recente entre Argentina e Brasil, foi pela agressão racista de um jogador de futebol argentino contra o brasileiro e são-paulino Grafite. Mas, como a imprensa brasileira golpista não existe para defender o direito de pretos e pardos, tratou o escândalo a seu modo blasé (do mesmo modo que as confederações de futebol), condenando, muitas vezes, o jogador brasileiro por ter “exagerado” ao denunciar criminalmente o argentino Desábato. Ora, a Argentina é um país branco, majoritariamente racista e cuja história também é marcada pelo extermínio puro e simples de negros africanos. Quem é preto ou pardo e já sofreu discriminação de argentinos sabe do que estou falando.
Num artigo para a agência Argenpress, de 2004, intitulado “Africanos em Buenos Aires - Os Outros Desaparecidos”, Roberto Morini afirma que a Argentina branca conseguiu ocultar bem seu passado de escravidão africana, mas que não pode esconder as marcas do racismo que ressurgem da história a todo momento. Morini conta que, em 1810, os negros eram um terço da população de Buenos Aires, mas que em apenas cinqüenta anos já tinham praticamente desaparecido. Segundo Morini, “o fim da escravidão só serviu para exterminá-los” e “somente nos últimos anos do século 20 pôde-se observar uma tímida recuperação da visibilidade do africano em Buenos Aires”.
As conquistas brasileiras obtidas na esfera internacional, tanto na política quanto no comércio, estão entaladas na garganta da imprensa brasileira golpista e do partido a que ela serve - o PSDB paulista das baratas tontas Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra. Em composição com a imprensa também paulista, eles dançam miudinho para tentar desestabilizar tanto sucesso. Basta citar, na lista de sucessos, a recente vitória brasileira na Organização Mundial do Comércio, no caso do açúcar, derrotando a poderosa União Européia e conseguindo com que os produtores brasileiros reduzam pela metade os preços de seus produtos para vendê-los em igualdade de condições no mercado internacional. Conquista inédita, quase inacreditável, reveladora do dinamismo e da inteligência da política externa chefiada pelo ministro Celso Amorim - um diplomata de verdade, o oposto do marasmo paralisante dos homens de FHC nessa área. Quem não se lembra da subserviência do então ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que tirou os sapatos num aeroporto europeu para ser revistado?! Foi nessa posição de humilhação que o governo FHC sempre colocou o Brasil no mundo.
O PSDB e a imprensa golpista que o apóia são uma oligarquia de gente colonizada, maquiada de erudição. Exemplo do espírito de colonizado da imprensa golpista: em 25 de maio último, na edição noturna do Jornal da Band (TV Bandeirantes), o âncora Carlos Nascimento perguntou ao comentarista Joelmir Beting: “Há mesmo tanta importância em o Brasil vir a ocupar uma cadeira no Conselho Permanente de Segurança da ONU?” Beting respondeu algo como: “Isso é mais para provocar ciúmes na Argentina”. Pasmem com tamanha manipulação, com tanto desserviço, tanta desinformação e ignorância!
E não se pode esquecer da cobertura revoltante da imprensa golpista quando da Cúpula de Países Árabes e Sul-Americanos. Trata-se de uma imprensa antiárabe, antipalestina, que fez de tudo para minimizar a importância do encontro, para desqualificar o esforço do governo para a organização de evento tão complexo e de desdenhar a aproximação entre essas populações do mundo. O jornal Folha de S. Paulo, na voz de seus colunistas golpistas (leiam-se, como exemplo, os textos de Eliane Catanhede sobre essa cobertura), babou manipulação de todo tipo, sempre defendendo Israel e Estados Unidos, como se o evento tivesse sido montado contra esses dois países irmãos carnais na belicosidade. Não foi. Ninguém estava interessado em Israel e Estados Unidos. Ali, o que interessava eram os árabes e os sul-americanos - pela primeira vez na história. Ponto final. É isso que eles, colonizados e invejosos, não conseguem engolir.

Posted by Sandino at junho 21, 2005 08:53 PM

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