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setembro 24, 2007
Teu presente, uma lição!
Ser corinthiano é ir além de ser ou não ser o primeiro – cantou Gil. O hino do clube lembra também que “teu presente, uma lição”. Porém, nos últimos dias não tem sido nada fácil ser corinthiano. Todo o imbróglio envolvendo o Timão tem manchado uma das mais belas histórias dos gramados tupiniquins. Democracia corinthiana, tardes de sol no Pacaembu....A fiel não merecia isso... Título comprado? Que fim levou a MSI? Ressaca de vodca da máfia?
De toda lama, um exemplo poderia ser extraído. Seria bastante benéfico para todos se a equipe fosse rebaixada (independente da pontuação no atual campeonato brasileiro). Não dá para conviver com tantas falcatruas... Quiçá como Fênix, a equipe retornaria “limpa” de tanta porcariada.
Posted by Sandino at 06:16 PM | Comments (0)
Bope Pop
Com cenas que "poderiam parecer o noticiário noturno no Rio", o filme "Tropa de Elite" tomou o Brasil de assalto, antes mesmo de estrear, afirma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário britânico "The Guardian".
"Baseado na vida das forças especiais que operam na capital do Brasil (sic), o filme já está se provando um dos mais polêmicos da história do país. Dezenas de milhares de cópias piratas foram distribuídas por vendedores ambulantes até na Amazônia, enquanto um grupo de oficiais da polícia tentou impedir seu lançamento", diz o jornal.
A reportagem diz que "Tropa de Elite" alega estar baseado em fatos e mostra cenas fortes de policiais torturando e matando traficantes de drogas. "O Batalhão de Operações Especiais (Bope)se considera o 'creme-de-la-creme' das unidades de combate urbano. Alguns afirmam abertamente o desejo de testar suas habilidades no Iraque", afirma a reportagem.
Caveira
O jornal comenta o fato de o logotipo do grupo ser uma caveira perfurada por um facão e que seu hino promete combater os inimigos "a qualquer hora, a qualquer custo".
"A imagem do Bope em "Tropa de Elite", que inclui uma cena na qual um traficante é morto com um tiro de rifle na cabeça, foi considerada tão prejudicial por um grupo de policiais que eles tentaram obter um mandado banindo o filme das telas brasileiras", relata a reportagem.
O jornal observa que o pedido foi negado por um juiz que argumentou que o filme retratava "a realidade do dia-a-dia de boa parte das pessoas que vivem nesta cidade".
A reportagem também cita o governador do Rio, Sérgio Cabral, que descreveu o filme como "um excelente trabalho de cinematografia" que foi "fiel em mostrar os problemas sérios que enfrentamos em termos de segurança pública".
Posted by Sandino at 05:54 PM | Comments (0)
No Universo de Plínio Marcos
“Querô”: Sem Recompensa
Por Cloves Geraldo*
No universo de Plínio Marcos, ator e dramaturgo santista, os marginalizados estão enredados nas teias de uma sociedade que os trucida sem lhes dar chance de sobrevivência. Prostitutas, assaltantes, ladrões, homossexuais vivem às voltas com situações que muitas vezes não criaram, mas que se tornam, pouco a pouco, parte integrante de suas vidas. Em “Navalha na Carne”, “Dois Perdidos Numa Noite Suja” e “Abajur Lilás”, suas mais conhecidas peças, paredes, luzes e móveis elucidam mais seus desenganos que a enxurrada de palavras brutas e pesadas que jorram de suas bocas. Se existe esperança para eles, ela se esboroa na falta de crença deles mesmos, em escapar do que os aprisiona. Com um universo assim não é de se estranhar que o garoto cuja vida foi gerada nas sombras da marginalidade do cais santista termine por desacreditar de sua própria humanidade, como em “Querô”, de Carlos Cortez, baseado no livro “Reportagem Maldita – Querô”, de Plínio Marcos. Seu grito primal, brotado de uma dor dilacerante, perturba mais que a violência que pontua o filme em algumas seqüências.
Desnorteado, ele vocifera contra a mãe que o abandonou, impreca contra o mundo que o ignora e o remete a becos, ruas molhadas, escadas e corredores sujos, cômodos estreitos, janelas e varandas cheias de roupa. Compreende-se que milhares de adolescentes, iguais a ele, vivem nas ruas e passam por instantes de puro horror de viver. Não receberam carinho da mãe, trocaram carícias com o pai e os irmãos e perceberam uma realidade menos crua, do que a que o cerca. E não têm, devido a isto, como crer numa existência para além do que o cerca. Enxerga, assim, apenas uma saída: confrontar-se com o que o perturba, na tentativa de exterminar aqueles que o empurram, cada vez mais, para a violência, o ódio, a vingança. Uma vingança que destoa do acerto de contas, pois não se trata de liquidar alguém para sentir-se satisfeito, sim de matar para livrar-se do que o atormenta.
Universo de Plínio Marcos impregna o filme
Um tormento gerado pela marginalidade que o impregna e não pela convivência com jovens delinqüentes, homossexuais e prostitutas; todos vítimas como ele. Todos se tornaram prisioneiros de uma estrutura que não os expele, pelo contrário, os atrai para suas entranhas para devorá-los sem que o percebam. E não se pode falar de marginais, de bandidos, seres que tomaram a si a iniciativa de caminhar às margens de uma estrutura que se pretende ética e moralmente sã. São marginalizados em toda sua extensão. Esta consciência se entranha em Querô (Maxwell Nascimento) quando ele descobre o poder da afeição, do carinho e da paixão. Há, sim, um mundo diferente em que a busca não é pela sobrevivência pura e simples, escapar aos achaques da polícia, a curra numa cela da Febem, à necessidade de ter uma arma, para se sentir poderoso. Neste novo mundo, há crença, confiança, palavras amáveis e quem as profere não tem outra intenção senão de fazer o bem.
Nesta relação com pessoas nas quais passa a acreditar; ele percebe a necessidade de construir novas visões, novos espaços. E encontra aliados na afro-descendente que o abriga, a adolescente-evangélica por quem se apaixona e nos amigos conquistados num trabalho diferente do qual se acostumou. Circula com desenvoltura, pensa no outro ser e se relaciona melhor com o mundo que o cerca. Este, no entanto, não é seu espaço; aquele em que a esperteza, a voz alta, a habilidade com uma arma e a capacidade de escapar às armadilhas do inimigo são necessárias. No mundo novo, por ele agora habitado, tem de navegar em águas menos agitadas; nem por isto menos impositivas. Estas visões provocadas pelo enredo que segue em linha reta têm muito do filme policial norte-americano clássico. Neste uma ação provoca a derrocada do marginal, este cumpre uma sentença e depois regressa à sociedade, e tenta, enfim, regenerar-se. Seu passado, porém, o impede de viver longe do crime. Ele então se vê enredado, de novo, no crime, e este o leva a um desfecho prenunciado.
Passado o impede de recomeçar vida comum
Em “Querô” esta situação se faz presente na transição do personagem, da marginalidade para a tentativa de regeneração e, por fim, a compreensão de que o convívio com “pessoas de bem” está distante de sua realidade. Não é que ele não queira, o quer, o redemoinho do crime, seu passado, é que o impede de recomeçar em bons termos. Até chegar a este ponto; Querô perambula por delegacias, celas, ruas sombrias, obtendo seu aprendizado de vida e de delinqüente. Não é um aprendizado qualquer; Querô é adolescente, nasceu na área do meretrício do cais, e, acaba na Febem. O filme é, portanto, sobre um menor que circula pelo inferno da instituição que, supostamente, deveria recuperá-lo para uma vida saudável. Seu aprendizado, pelo contrário, se dá de forma inversa; ao invés de aprender como integrar-se à sociedade ensinam-lhe a reagir em condições totalmente adversas. Vira um animal em toda a sua extensão.
Estas seqüências são as menos elucidativas de “Querô”. Não têm o impacto das cenas veiculadas pelos jornais da TV. Perdem com isto a veracidade. Tornam-se meras cenas de prisioneiros insurgindo-se contra as más condições carcerárias. Mesmo que os personagens sejam menores de idade. Ao que parece, o diretor Cortez os quer equiparar aos adultos, com as mesmas responsabilidades. Eles não discutem, como o fazem seus congêneres reais, o Estatuto da Criança, a necessidade de tratamento melhor na cela e no pátio da Febem; apenas se revoltam. O garoto Querô só provoca emoção ao deixar a “prisão da Febem” e regressar às ruas, aos becos, bares, ao cais, às ruas. Então, é visto como uma criança perdida em meio a barcos, navios, balsas. Não um jovem perigoso, capaz de matar sem nenhum remorso. É neste momento que a crítica chegou a falar em lirismo. Mas nada há de lírico numa existência em que circular por belas paisagens não é nela está integrado.
Personagem não se integra a nenhuma paisagem
''Queró'' não se integra a nenhuma paisagem. Ele não pertence a ela. Está ali como alguém que, quando em trânsito ocupara, momentaneamente, um espaço. Mas não o desfruta. A beleza do ambiente então se perde, torna-se supérflua. Resta, assim, a brutalidade. A mesma vista em obras mais viscerais, contundente, que mergulharam fundo na infância, na marginalidade e no desencanto: “Pixote, a Lei do Mais Fraco”, de Hector Babenco, e “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles. Diante destes, a visão de Marcos/Cortez é romântica, piedosa. Em comum com os garotos destes filmes só a capacidade de matar sem remorso. “Querô” é mais próximo, como já dito, dos policiais americanos das décadas de 40 e 50, que das obras citadas. Principalmente quando lembra a máxima de que a prisão é uma fábrica de bandidos. E da ausência de espaço para redenção, porque ele deve ser punido no final. Babenco e Meirelles lançaram mão de desfechos criativos, mais próximos da realidade.“Queró”, porém, é um filme a que se assiste com atenção, às vezes com sofreguidão dada às situações enfrentadas pelo garoto. No entanto, não provoca impacto ou vai além do sabido pela platéia. Talvez porque o menor marginalizado como tema não provoque mais tanto impacto, embora devesse ser prioridade de toda a sociedade. Esta se acostumou a ele, a sua presença nas ruas, à falta de proteção à infância, à falta de perspectiva para seus pais e para eles mesmos e, sobretudo, à freqüência com que surge nas salas de milhões de lares brasileiros, via televisão, em situações violentas. E em todas as camadas sociais: na alta burguesia quando queima índio em ponto de ônibus, no meio operário ao arrastar criança pela via pública, durante roubo de carro, e na classe média ao roubar apartamentos.
Repetição da violência embrutece sensibilidade
Vê-se que a repetição cria costume, embrutece a sensibilidade, desvia a atenção e cria a imagem de que ele é parte do que deve ser extirpado da sociedade, quando esta é quem os cria e os abandona. E até isto já é compreendido pela população que, no entanto, não reage à altura. Faltam então ações políticas para, de fato, evitar que toda uma geração se perca nas estatísticas de marginalizados transformados em cadáveres. Não pode ser esta uma política – a de deixar o próprio crime resolver os problemas da marginalidade, pois esta não o soluciona, pelo contrário, o agrava porque não se defronta com políticas de Estado em suas comunidades. O desfecho de “Querô” contribui para a necessidade de que algo precisa ser feito e rápido. O que já é muito para um filme.
* Cloves Geraldo é jornalista
Posted by Sandino at 04:42 PM | Comments (1)
setembro 17, 2007
No senado...
Posted by Sandino at 05:37 PM | Comments (0)
Ainda sobre o fim do Ira!
Que Fim Levou Paris!
(Ira!)
Saber é pior que não saber
Acreditar só no que ouvir
Enxergar um palmo a frente do nariz
E olhar apenas numa direção
Avacalhar quando não se sabe o que fazer
A primeira vez a gente nunca esquece
O passado é um animal que te persegue
Já não está aqui quem te falou
Burro! Muito burro! Muito burro!
O toma lá, e o toma lá dá cá
Veja só que fim levou Paris...
Se enxergasse um palmo à frente do nariz
Mas olhou apenas numa direção.
Posted by Sandino at 04:44 PM | Comments (0)
setembro 14, 2007
Brasil, corrupção e hipocrisia
Por Elaine Tavares*
O filósofo Enrique Dussel é, para mim, quem melhor definiu o que seja corrupção. Ele deixa claro, no seu livro "20 teses sobre Política", que estas denúncias que envolvem roubo, uso da influência, malversação de verbas públicas, ilegalidades diversas no exercício da função pública, abuso etc.., nada mais são do que a capa visível de um processo que é muito mais profundo. Por isso, é a este pensador que recorro para falar de toda essa polêmica envolvendo o senador Renan Calheiros.
Fatos como o que aconteceu esta semana no Senado levam às pessoas a acaloradas discussões sobre a democracia, a ética e a política e, no mais das vezes, as opiniões recorrentes são as que não tem jeito mesmo, que a política é um espaço de corrupção, que ninguém pode ser sério na política e coisa do tipo. Multiplicam-se as análises morais. "Absurdo", clama a população nos ônibus, nas esquinas, nas mesas de bar. Mas, a meu juízo, todo esse moralismo no debate nada mais é do que o desconhecimento do que seja efetivamente a política e, principalmente, a incapacidade da nossa gente de agir de forma contundente no exato momento em que se instala a corrupção.
Dussel fala que, tal como o povo, a maioria dos políticos sequer sabe do exato momento em que começa a ser corrompida. E que isso se deve ao fato de que, normalmente, quem faz política, tampouco sabe o que significa esse fazer. Para o filósofo, aquele que exerce um determinado poder precisa saber, de forma clara, o que é o poder. Poder, para Dussel, não é um espaço de dominação, como quer fazer crer a concepção moderna do termo, machista, colonialista, racista e exclusivista. Quando o poder é usado com esta conotação, de domínio sobre o outro, deixa de ser política e vira um fetiche. Alguém que, no exercício do poder, se considera o centro e a sede deste poder, está corrompido. E é essa a corrupção que deve ser combatida. Os atos que se seguem a essa idéia de que quem está num posto de mando tem a sede do poder, nada mais são do que conseqüências da "grande" corrupção.
Partindo desta idéia, o que aconteceu esta semana no Senado apenas se configurou num teatro, uma fantasmagoria. Condenar ou absolver Renan Calheiros no campo da moral de nada adianta. É preciso que as pessoas comecem a pensar sobre a corrupção-mãe que se esconde nos estúpidos atos ilícitos que os que estão no poder se acham no direito de cometer, sem qualquer punição.
A política como grande política, segundo Dussel, se expressa numa outra forma de exercer o poder. Não mais como dominação, mas como poder-obediencial. Ou seja, o político, para não ser corrupto, precisa saber que está representando uma gente que o elegeu e que neste estado de representante do povo precisa fazer o que o povo lhe ordena que seja feito. Não está nele o poder de fazer o que lhe dê na telha. Essa é a corrupção. Quando o político pensa que, investido do poder, pode fazer que quiser. Não pode! Há que ouvir e obedecer a sua base.
Nesse sentido, quando um Renan ou outro qualquer usa o poder para enriquecer, comprar gado ou qualquer outro ato que não aqueles para o qual foi eleito, ele está deslegitimado. E é o povo que o elegeu quem precisa fazer essa deslegitimação. Agindo como se fosse ele mesmo, e não o povo, a sede do poder, este político está acabado. Dever ser riscado do mapa. Daí que o absurdo não está no fato de o Senado ter feito votação às portas fechadas, nem que tenha absolvido o senador. Absurdo será se o povo brasileiro não compreender que este tipo de político precisa ser varrido do cenário nacional.
Outro exemplo gritante de como estes políticos rasteiros se comportam no trato com o poder foi a fala do deputado Raul Junggmann, quando se atracou com um segurança armado de revólver de choque. "Ele não pode fazer isso com um representante do povo". Mas, são estes mesmos deputados os que chamam as tropas para reprimir o povo que os elegeu quando este se arvora no direito de reclamar a sede do poder. Contra o povo, as balas e o choque, mas contra um deputado, não. Isso é corrupção. Essa é a mãe da corrupção. E é isso que as gentes precisam observar se quiserem realmente um dia viver num sistema político em que aquele manda, obedece. Ainda temos muito que caminhar para sair da seara da moral e entender o verdadeiro significado da política. Mas, creio, um dia chegaremos a esse patamar.
*jornalista
Posted by Sandino at 08:32 PM | Comments (0)
Música calma pra pessoas nervosas
Parece que os meninos da Rua Paulo andam de cabeça quente no Ira! Já virou até caso de polícia. Vivendo e não aprendendo!
Posted by Sandino at 08:02 PM | Comments (3)