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abril 21, 2008

Aniversário de Brasília - 48 anos

"...Brasília tem centros comerciais
Muitos porteiros e pessoas normais
As luzes iluminam os carros só passam...
Brasília tem prédios, Brasília tem máquinas
Árvores nos eixos e polícia montada
Ohhhhh!!! O concreto já rachou!
Rachou! Rachou! Rachou!..."
(Plebe Rude)

brasilia.jpg
Brasília: asas e eixos do Brasil

Posted by Sandino at 08:11 PM | Comments (1)

abril 20, 2008

Os Replicantes

O ano era 1982. Estreava nos cinemas o filme Blade Runner, O Caçador de Andróides, de Ridley Scott, com Harrison Ford no papel principal. Os andróides eram os Replicantes, seres exatamente iguais aos humanos na aparência física, mas extremamente mais fortes, velozes e inteligentes. No final de 1983, em uma garagem da cidade de Porto Alegre, se reuniam uns guris de classe média para formar uma banda punk: Os Replicantes. Curtindo o som de grupos como Ramones e Sex Pistols, Carlos Gerbase e os irmãos Cláudio e Heron Heinz precisavam de mais alguém na banda. Então, em fevereiro de 1984, Wander Wildner passou a ser mais um Replicante de bombachas.
"Nós achávamos que precisava de um cara igualmente ignorante em termos musicais para cantar na nossa banda ignorante". Essa afirmação do Gerbase sobre a chegada de Wander Wildner também serve para ilustrar a principal característica dos Replicantes: embora não fossem músicos técnicos (comparando com os ídolos deles), tinham como base de sustentação uma forte crítica social apoiada em letras inteligentes, bem sacadas e carregadas de um sarcasmo delicioso. A solidez cultural dos caras dá a coerência necessária para identificar Os Replicantes até hoje, mesmo fora do Rio Grande do Sul. E claro que os moleques melhoraram musicalmente com o tempo.
O primeiro show "sério" da banda foi em 1984, no bar Ocidente, até hoje ponto de encontro da cena underground porto-alegrense. Reunindo amigos da Oswaldo Aranha e o público habitual do Oci, Os Repli subiram ao palco com Wander Wildner nos vocais, Cláudio Heinz na guitarra, Heron Heinz no baixo e Carlos Gerbase na bateria. O público "ovacionou" os músicos punks, atirando muitos ovos no palco. Até o dono do Ocidente colaborou no omelete de Replicantes. Não que não tivessem gostado, mas achavam que uma banda punk merecia tal tratamento.
Em 1985, Os Replicantes lançam um compacto. No ano seguinte chega às lojas o LP O Futuro é Vortex. 1987 é o ano do LP Histórias de Sexo e Violência. Papel de Mau foi lançado em 1989. Andróides Sonham Com Guitarras Elétricas foi lançado em 1991. Nesse período, a banda emplacou sucessos como Nicotina, Astronauta, Festa Punk, Hippie-Punk-Rajneesh, sendo o principal deles Surfista Calhorda. Uma coletânea foi lançada pela BMG Ariola em 1999, com 20 hits. Em 2000, Os Replicantes voltam com um disco ao vivo (as mesmas do Ao Vivo de 1996), mas trazendo algumas faixas não incluídas no primeiro e a inédita A Lua Que Mata (que não foi gravada ao vivo), versão de The Killing Moon, do Echo and the Bunnymen.
A formação dos Replicantes só teve uma alteração até hoje. Com a saída de Wander, Gerbase assumiu como vocalista e Cléber Andrade passou a ser o baterista. Wander resolveu seguir a carreira musical a sério. E isso seria difícil com Os Replicantes. Cada um tem a sua profissão, não permitindo que se dediquem em tempo integral à música. Os Replicantes, embora assumam compromissos sérios com shows, ensaios, entrevistas e discos, querem, antes de tudo, se divertir. E isso é passado ao público. O que parece ser tri bom, louco de bom mesmo. Porque o que realmente queremos é uma boa festa punk, sempre garantida com Os Replicantes.

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Os Replicantes: forte crítica social apoiada em letras inteligentes, bem sacadas e carregadas sarcasmo

Posted by Sandino at 03:19 PM | Comments (1)

1968 - 40 anos depois
Por Antônio Capistrano

O grande cineasta italiano Bernardo Bertolucci realizou a pré-estréia no Festival de Veneza, (2004) na Itália, do seu filme "Os sonhadores", que trata do período mais fértil e inquietante do pós-guerra, que tem o seu ápice em 1968. Estou ansioso para assistir a esta película, por diversos motivos. Entre eles, ver como a genialidade de Bertolucci retrata um dos períodos mais transformadores do século XX, só comparado, a meu ver, com a bela época da década de 20 na Europa, e que, aqui no Brasil, foi também um momento de grande ebulição: o tenentismo, o fortalecimento do movimento operário, a criação do Partido Comunista Brasileiro, a Semana de Arte Moderna, tudo isso culminando com a Revolução de 1930, marco divisor da nossa história. Nesse filme, segundo a imprensa especializada, Bertolucci resgata a história e a importância dos fatos da geração/60, que tinha como característica a aglutinação das pessoas não pela idade, mas, sim, pela afinidade de idéias.


Eu vivi intensamente este período. Os anos sessenta marcam, de forma indelével, a minha vida, principalmente o ano de 1968. Ano da Primavera de Praga - sonho do socialismo democrático, da morte do estudante Edson Luís no Rio de Janeiro, da passeata dos 100 mil, os estudantes nas ruas, as barricadas de Paris, consolidação da figura mítica de Che após seu assassinato na Bolívia, em 1967. Também, ano do meu casamento. Eu estava com 21 anos, militante do Partido Comunista Brasileiro, estudava no Atheneu, freqüentador das Cocadas (Praça Kennedy), centro efervescente de todas as tendências ideológicas, espaço democrático da capital, encontro de todas as tribos; esquerda, direita e centro, dos existencialistas, leitores de Jean-Paul Sartre e de Albert Camuns. Dos católicos leitores do grande Alceu de Amoroso Lima ou do reacionário Gustavo Corção. Dos socialistas seguidores de Antonio Gramsci, Roger Garaudy, George Luckás, dos trotskistas, stalinistas, maoístas, fidelistas, leninistas, dos integralistas de Plínio Salgado, dos adeptos de todas as religiões e credos, os apaixonados pela Sétima Arte, os apreciadores de uma boa leitura, os torcedores fanáticos do futebol e dos fregueses dos bares da bela e inesquecível vida provinciana da nossa capital.
1968, ano que marcou a minha geração, que, como todas as gerações, era revolucionária. Geração que foi para as ruas na luta contra as repressões de todos os tipos, na busca de novos caminhos de liberdade e de justiça social. Geração que lutou contra as guerras, na defesa da paz em todo o mundo. Geração que gostava dos Beatles e dos Rolling Stones, que lutava contra a guerra do Vietnã e contra o racismo em todas as partes do mundo. Geração que adorava Glauber e o Cinema Novo, que vibrava com as composições de Vandré (Para não dizer que não falei das flores), e as de Chico (A Banda), as de Caetano (É Proibido Proibir), geração que admirava a Jovem Guarda através das canções do seu ídolo Roberto Carlos, que descobria na literatura os grandes escritores regionalistas - Jorge Amado com a sua famosa trilogia "Subterrâneos da Liberdade". Graciliano Ramos com seu estilo apurado, relatando o flagelo dos retirantes através do seu grande romance, "Vidas Secas". Rachel de Queiroz, mostrando com o "Quinze" a vida dos nordestino do semi-árido no período da seca. José Bezerra Gomes, retratando o Seridó dos algodoais através de "Ouro Branco". José Lins do Rego, o romancista do cotidiano dos canaviais, dos meninos de engenho, dos moleques ricardos, dos bangüês, dos engenhos, das usinas e dos coronéis, donos do sertão nordestino. Guimarães Rosa com o seu "Grande Sertão: Veredas" obrigando-nos a consultar Nei Leandro de Castro, através do seu "Universo e Vocabulário do Grande Sertão", ensaio premiado pela ABL, que traduz a linguagem regional de Guimarães Rosa. Geração que recitava poemas de Vinicius, Jorge de Lima, Bandeira, Drumonnd, João Cabral, Thiago de Melo, sem esquecer a poesia concreta e o poema processo de Moacyr Cirne, Anchieta Fernandes, Dailor Varela, Falves, Franklin Capistrano e Haroldo de Campos. É essa a geração/68 que Bertolucci resgata, geração que, como diz a canção, "sem lenço e sem documento", rompeu barreiras e quebrou tabus, preparando o mundo para um novo século e um novo milênio.

Posted by Sandino at 01:36 PM | Comments (0)

abril 07, 2008

Nasi em Poços de Caldas

O “bom-homem-mau” retorna em grande estilo!
Por Sandino

No último sábado, dia 06, Nasi (ex-vocalista do Ira!) esteve se apresentando na cidade de Poços de Caldas(MG). Mas como assim? - perguntarão alguns desavisados. Ele não foi interditado, internado... exilado??? Não, não foi e na verdade nem poderia ser. Num estado democrático de direito, por mais que a mentira, manipulação e os golpistas insistam em atormentar... A verdade sempre vem à tona!
E lá fomos nós, caravana vermelha para ver Nasi. Casa lotada, público fiel...Duas horas depois de um aperitivo de música eletrônica (DJ desinformado é uma merda, música eletrônica é uma merda!), o “bom- homem-mau” subiu ao palco. Foram quase duas horas de muito rock n´ roll. Acompanhado por uma competente banda de apoio (com destaque para a presença de Gaspa - ex-baixista do Ira!) Nasi fez um grande show, demonstrando que permanece firme, lúcido (demais até!) e comprometido com o rock em sua essência: atitude, honestidade e coerência. Nasi comprovou também que não precisa dos hits do Ira! para animar qualquer festa, seja ela aonde for. Após o show, nossa trupe esteve com Nasi. Educado, bem humorado, Nasi recebeu a todos e falou dos mais diversos assuntos. Uma constatação: o cara segue firme e forte, com o mesmo carisma que reservam a Nasi um capítulo especial na história do Rock Brasil. Deixando a cidade do vulcão e voltando para casa, deparo-me pensando com meus botões: onde é que o cara arranjou forças para superar tanto veneno e mentiras que foram plantadas? Se você ainda tinha dúvidas se Nasi sobreviveria a tanto sensacionalismo, violência (teve até neguinho propondo a retirada de sangue para exames - nem o antigo DOPS chegaria a tanto!) e maldades que foram atiradas ...uma certeza! Ele não só sobreviveu como parece ter buscado forças sobrenaturais para trilhar a partir de agora um novo caminho de sucesso. Nasi tem mesmo o corpo fechado. Os fãs do bom e velho rock n´roll agradecem!

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Nasi em ação: retorno em grande show

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Nasi e Gaspa: juntos desde os Voluntários da Pátria

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Nasi: firme e forte

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Gaspa:a mesma competência de sempre

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Na "terra do vulcão", Nasi incendeia o público cantando Erasmo Carlos

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Nasi: o bom e velho rock n´roll para espantar o sensacionalismo

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Os camaradas: Carol (PCdoB-Poços de Caldas), Richard (Secretário de organização do PCdoB-MG), Nasi, Murilo (secretário formação PCdoB-MG) e o jornalista Marcello Lujan (presidente PCdoB-Jacutinga(MG)

Posted by Sandino at 04:01 PM | Comments (8)

abril 04, 2008

Somos Milhões
(Mercenárias)

Somos milhões e vivemos à parte
Temos vivido as piores imagens
Temos de sons os piores ruídos

Somos milhões e vivemos à parte
Temos vivido a nossa realidade
Suas mentiras são nossa verdade
Somos milhões e vivemos a parte.

Nosso trabalho sustenta esse jogo
Somos milhões e vivemos a parte.

Posted by Sandino at 11:31 PM | Comments (0)