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dezembro 01, 2008
El Desdichado II
(Lobão)
Eu sou o tenebroso, o irmão sem irmão,
o abandono, inconsolado,
o Sol negro
da melancolia
Eu sou ninguém, a calma sem alma
que assola, atordoa e vem
No desmaio do final de
cada dia
Eu sou a explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
O samba-sem-canção, o soberano
de toda a alegria que existia
Eu sou a contramão da contradição
Que se entrega a qualquer deus-novo-embrião
Pra traficar o meu futuro por um inferno
mais tranquilo
Eu sou nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será
que me detém?
Eu sou o poderoso, o Bababã,
o Bão! Eu sou o sangue, não!
Eu sou a fome do homem que come na brecha
da mão de quem vacila
Eu sou a camuflagem que engana o chão
A malandragem que resvala de mão em mão
Eu sou a bala que voa pra sempre, sem rumo,
perdida
Eu sou a explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
Eu sou o Morro, o soberano, a alegoria
que foi a minha vida
Eu sou a execução, a perfuração
O terror da próxima edição dos jornais
Que me gritam, me devassam e me silenciam.
Posted by Sandino at dezembro 1, 2008 07:16 PM