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novembro 02, 2009

E assim nos tornamos Corinthianos...

O momento mais importante da história do Corinthians completou recentemente 32 anos. Tinha sete anos na época e meu ingresso na Fiel ocorreu aos 37 minutos do segundo tempo, quando Basílio, “o verdadeiro Pé de Anjo”, acertou o gol da Ponte Preta e terminou com jejum de títulos do Timão. Abaixo, o texto da Edição de Esportes do Jornal da Tarde do dia 14/12/77.

CORINTHIANS, MEU CAMPEÃO
Por Pedro Autran Ribeiro - Jornal da Tarde

SÃO PAULO – O Corinthians não completou os 23 anos sem título. Venceu a Ponte Preta no tempo normal, por 1 a 0. E foi uma vitória justa, porque, mesmo jogando de forma errada a maior parte do jogo, foi o Corinthians o time que procurou o gol com insistência, desde o início, enquanto a Ponte, nervosa, não exigiu nenhuma defesa de Tobias.
A derrota de domingo serviu de lição para o técnico Osvaldo Brandão: mesmo sem Palhinha, seu atacante mais perigoso, ele fez o Corinthians entrar jogando ofensivamente, prendendo a Ponte Preta em seu próprio campo.
E, o que era mais importante, o meio-campo do Corinthians, ontem, não dava liberdade a Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá, os jogadores que organizavam os contra-ataques do time campineiro.
Assim, sem nenhuma opção ofensiva, a Ponte foi obrigada a aceitar o domínio do Corinthians, que já nos primeiros dez minutos de jogo havia mandado uma bola na trave e criado duas outras chances de gol.
Então, numa atitude inexplicável de Rui Rei – que visivelmente tocou a bola com a mão – reclamando do juiz até provocar sua expulsão, modificou o jogo: quando se esperava que a Ponte Preta, com apenas 10 homens, ficasse totalmente abalada, verificou-se um decréscimo de produção do Corinthians.
O time de Osvaldo Brandão não soube aproveitar a superioridade numérica, insistindo em lançamentos altos pelo meio, sem aproveitar as jogadas pelas pontas, principalmente do lado direito, onde o nervosismo de Ângelo era visível. Além disso, sem ter a quem marcar, Zé Maria também apoiou pouco, sem se valer do corredor que se abria à sua frente.
A única chance corintiana nesse período do jogo ficou com uma meia bicicleta de Geraldo, muito bem defendida por Carlos. À Ponte Preta, que com 11 não conseguia atacar, nada sobrou em termos ofensivos, pois Tuta caiu para o meio, assim como Lúcio, sem conseguir receber uma bola que fosse.
E o primeiro tempo terminou com o domínio corintiano, mas um domínio raramente transformado em perigo de gol.
Nada se modificou no segundo tempo: o Corinthians voltou dominando o jogo, insistindo num esquema totalmente errado, lançando bolas altas sobre a área da Ponte Preta, onde Oscar e o goleiro Carlos dominavam tantas jogadas.
As rebatidas da defesa campineira eram todas dominadas por Russo, mas ele não conseguia, com sua excessiva lentidão, criar novas opções de jogada: insistia pelo meio, justamente onde a Ponte Preta concentrava seus jogadores.
Dificilmente o Corinthians conseguiria furar o bloqueio da Ponte, a não ser num lance de bola parada. E foi exatamente assim que o gol surgiu, aos 37 minutos, depois de uma cobrança de falta da direita, feita por Zé Maria.
Depois, o jogo acabou: nos poucos minutos restantes, os nervos dos jogadores dos dois times explodiram e até que o juiz desse o apito final, determinando o fim da longa angústia corintiana, não se viu mais futebol no campo do Morumbi.

13 de outubro de 1977 (noite)
CORINTHIANS 1 – Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Técnico: Osvaldo Brandão.
PONTE PRETA 0 - Carlos; Jair, Oscar, Polozzi e Ângelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Técnico: Zé Duarte.

Gol - Basílio, aos 37 minutos do segundo tempo.
Árbitro - Dulcídio Wanderley Boschillia.
Cartões amarelos - Ângelo, Vanderlei e Geraldão.
Cartão vermelho – Rui Rei, Oscar e Geraldão.
Público - 86.677 pagantes
Renda - Cr$ 3.325.470,00
Estádio - Morumbi, em São Paulo (SP).

Posted by Sandino at novembro 2, 2009 02:30 PM

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